BB Asset e Régia Capital protagonizam o maior evento de sustentabilidade do mundo

Iniciativa reforça papel de destaque do Brasil no cenário internacional

Gestora, focada em produtos com viés ambiental e biodiversidade, nasceu há cinco meses com R$ 3,5 bilhões a partir de associação entre as duas empresas.

Fruto de uma associação entre JGP e BB Asset, a gestora Régia Capital, bateu, no final de janeiro, o volume de R$ 8 bilhões de ativos sob gestão. A informação foi passada a jornalistas pelo presidente da BB Asset, Denísio Liberato, durante evento da Anbima, Associação de Mercado de Capitais, nesta quarta-feira (26). A meta para este ano é chegar a R$ 20 bilhões, como o executivo explicou ao Prática ESG.

Em outubro passado, quando a Régia foi oficialmente formalizada, depois de nove meses de trabalho em conjunto entre BB Asset e JGP, a casa já contava com cerca de R$ 3,5 bilhões em fundos de investimentos com viés sustentável. Em menos de seis meses, R$ 4,5 bilhões foram captados, especialmente em dívida.

“A demanda foi maior para dívida relacionada à sustentabilidade, especialmente dívida estruturada, mais líquida, tanto para empresas grandes quanto menores”, explica Liberato.

Para 2025, diz, “esperamos chegar mais próximo dos R$ 20 bilhões do que dos R$ 15 bilhões”. Parte disso deve vir de investidores internacionais. Perguntado se o fato de a conferência do clima da ONU, a COP30, ser sediada no Brasil este ano, em Belém (PA), ajuda na captação no exterior, ele afirmou que “certamente”.

Mas, além de aproveitar oportunidades aqui no país para mostrar os produtos aos gringos, a gestora vai sair, a partir de março, em roadshow internacional. O Japão será o primeiro destino, mas também estão previstas reuniões com gestores e investidores no Oriente Médio, Estados Unidos e Reino Unido. “Agora vamos partir para a internacionalização”, afirmou Liberato.

Um dos produtos que está sendo estruturado e a equipe quer mostrar ao público externo é o fundo de participação em empresas que tenham minerais críticos, como, por exemplo, cobalto, lítio, níquel, cobre e terras raras. “O Brasil tem potencial, mas mal tem mapeado seu subsolo”, diz.

Minerais críticos, importantes para a transição energética, também será um dos temas abordados no evento anual do Principles for Responsible Investment (PRI), rede internacional de instituições financeiras apoiada pelas Nações Unidas que trabalha para implementar diretrizes responsáveis e sustentáveis na gestão de recursos. Pela primeira vez, a organização vai realizar seu principal encontro no Brasil, na primeira semana de novembro, aproveitando também a COP30 para levantar o tema da sustentabilidade nos investimentos, como oportunidade de lucro e estratégia de gestão de risco.

Além de minerais críticos, biocombustíveis, como o sustentável de aviação (SAF), recuperação de terras degradadas e a taxonomia sustentável brasileira serão outros temas abordados no encontro. A Anbima é uma das organizadoras do evento no país. A expectativa é ter até 5 mil pessoas, entre gestores, especialistas em finanças e investimentos sustentáveis e investidores, a exemplo do bilionário americano Michael Bloomberg e Nicolai Tangen, administrador do Norwegian Sovereign Wealth Fund, fundo soberano norugeguês, com US$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão, nos três dias de fórum em São Paulo.

Além do evento do PRI, no almoço, Zeca Doherty, diretor-executivo da Anbima, comentou que a associação também planeja, com outras associações de classe do mercado financeiro, como CNSeg, de seguros, e Febraban, de bancos, para promover um dia de discussões sobre a agenda de sustentabilidade no mercado financeiro durante a COP30, em Belém.

Para Carlos André, presidente da Anbima, o movimento anti-ESG especialmente nos Estados Unidos pode representar um desafio ao desenvolvimento da agenda ESG , inclusive na indústria de investimento e mercado de capitais, mas também é, olhando o copo meio cheio, uma oportunidade para as casas que são engajadas na agenda se diferenciar. No Brasil, o tema ainda avança a passos lentos.

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